Na madrugada do último 8 de outubro, mais um casarão histórico do Centro do Rio de Janeiro desabou. Parte do belo edifício de três pavimentos localizado na Travessa do Comércio nº 19, próxima à Praça XV, veio abaixo atingindo o sobrado vizinho após um temporal que caiu na cidade. Sabe-se que apesar da chuva forte, o prédio estava fechado e mau estado de conservação. Já havia o conhecimento de que uma árvore na parede ameaçava a estrutura.
O vigia do prédio ouviu um estalo por volta de cinco da manhã e conseguiu deixar o imóvel e registrar em vídeo o momento do desabamento.
Na manhã de segunda-feira (09), o Prefeito Eduardo Paes vistoriou o local e anunciou que a Prefeitura será rigorosa com os proprietários que abandonam imóveis no Centro. A área foi interditada pela Defesa Civil Municipal. O órgão explicou que, tão logo os escombros sejam removidos de dentro das edificações, responsabilidade do proprietário, o mesmo deve providenciar a contratação de serviço de escoramento dos remanescentes da fachada. O imóvel pertence a uma empresa de Barra Mansa, que o arrematou em leilão em 2018. Já o de número 21 pertence à Ordem de São Francisco da Penitência.
Esta é infelizmente a situação de diversos sobrados e prédios históricos do grande Centro e Zona Portuária. Mesmo antes da pandemia da Covid-19, a Travessa do Comércio já sofria com os efeitos da crise econômica da cidade. Vários restaurantes da região fecharam as portas, inclusive a antiga casa onde morou a cantora Carmen Miranda, que chegou a ser invadida e saqueada.
Quem frequentou a Travessa e entorno nos idos dos anos 90 e início dos 2000, lembra da efervescência do local, então um badalado polo gastronômico do Centro, formado por restaurantes como Pato com Laranja, Guilhermina, Arco Imperial, Dito e Feito, Santa Fé, Geraes, Piano Bar Ouvidor, Grill 22, Beira do Cais, A Cabaça Grande, entre outros. As happy hours locais “bombavam”, atraindo centenas de pessoas.
Recentemente aconteceram iniciativas que revitalizaram as ruas próximas à Travessa, como Ouvidor e Mercado. A mais importante foi a restauração da Igreja de Nossa Senhora da Lapa de Mercadores, ocorrida neste ano.
A Travessa merece se transformar em pólo turístico, cultural e gastronômico por ser um dos poucos locais na cidade que, de certa forma, preserva os traços dos tempos do Rio antigo. Todo o conjunto é caracterizado não apenas pelos velhos sobrados, calçamento de pedra e antigas luminárias e gradis, mas também pela reunião de várias atrações de interesse histórico-cultural.
© Olhos de Ver – Patrimônio Histórico Rio de Janeiro
Olá,
Estou fazendo uma pesquisa sobre esse sobrado da Travessa do Comercio 19 e gostaria de saber onde você conseguiu as informações sobre leilão, proprietários, etc.
Você teriam mais algum material sobre a história deste prédio pra compartilhar comigo?