Depois de passar por quatro anos de minuciosas obras de restauração, o antigo Convento do Carmo, na Praça XV, Centro do Rio, foi inaugurado como Centro Cultural da Procuradoria Geral do Rio de Janeiro (PGE-RJ), na última terça-feira (24/05).
O Centro estreou seu primeiro espaço aberto ao público, a galeria de arte, com a exposição “Composição Carioca”, apresentando obras de artistas como Adriana Varejão. Novos espaços serão inaugurados em breve.
Na sexta-feira (27/05) foi realizada no local palestra com a historiadora Mary Del Priore sobre a rainha D. Maria I, que morou e faleceu no antigo Convento.
Na galeria, no térreo do edifício histórico, chamam a atenção os arcos abatidos construídos com tijolos.
“Isso para a época deve ter sido um imenso desafio, pois esses elementos estruturais eram feitos de pedra, como os do Paço Imperial e o próprio Arco do Telles, ambos vizinhos ao vetusto convento“, afirma o museólogo Cláudio Lacerda.
Como o prédio possui arquitetura privilegiada e excelente localização, sua transformação em centro cultural é muito bem-vinda!
O Convento do Carmo
Um dos primeiros edifícios em alvenaria de pedra da cidade, o antigo Convento do Carmo foi construído a partir de 1619, por frades Carmelitas. Ele foi erguido bem próximo ao mar, e após o término de suas obras, o terreno à frente passou a ser conhecido como Largo do Carmo (depois Largo do Paço e atual Praça Quinze de Novembro).
Com a chegada da corte portuguesa ao Brasil em 1808, o prédio foi requerido pelo então príncipe regente, D.João (depois rei D.João VI) para abrigar sua mãe, a rainha de Portugal D.Maria I. Desalojados, os frades carmelitas foram morar no Convento dos Capuchinhos, na Lapa.
Nesta época, o Convento do Carmo chegou a ter um passadiço, ligando-o ao Paço Real, onde D.João ficou alojado inicialmente.
Era uma forma do príncipe regente visitar a mãe sem ter que pôr os pés nas ruas.
Mais tarde seria construído outro passadiço, ligando o Convento à Capela Real, na Catedral de N.S. do Carmo.
D.Maria só saía do convento para fazer passeios, geralmente ao Vale das Laranjeiras, onde ia até a chamada Bica da Rainha, acompanhada de suas aias (daí a expressão “Maria vai com as outras”, segundo tradição oral).
Em seus últimos anos de vida, a monarca passaria trancada em seus aposentos, onde muitas vezes tinha acessos. Conta a tradição que pelas ruas próximas podiam ser ouvidos os gritos da insana rainha.
D.Maria acabou falecendo no Convento do Carmo, em 1816, aos 81 anos de idade. Foi enterrada no já demolido Convento da Ajuda e, anos mais tarde, seus restos mortais foram levados para Lisboa, em Portugal.
Na República, o edifício do convento sediou vários órgãos, como a Academia de Comércio e, a partir dos anos 80, a Escola Técnica de Comércio da Faculdade Cândido Mendes, que contava também com galerias de arte e um teatro.
Em 2010, a Cândido Mendes deixou o prédio, dando início a sua decadência: parte do telhado cedeu, janelas se quebraram e a fachada se encontrava em péssimo estado, com pichações e infiltrações.
A guarda do edifício histórico foi passada à Procuradoria Geral do Estado, que anunciou, em 2018, uma grande intervenção de restauro e readequação do prédio. Em maio de 2022, se dá a abertura do primeiro espaço aberto ao público.
Aguardemos a abertura dos novos espaços!
🕒 Terça-feira a sábado, das 10h às 18h.
📍Praça XV – Centro. Entrada pela Rua Primeiro de Março
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Que bom, outra edificação da nossa história aberta ao público. Bela
iniciativa.
A arquitetura, em si, já é uma obra de arte. Que iniciativa maravilhosa!