A memória da antiga casa de José Bonifácio

À esquerda o antigo casarão onde morou José Bonifácio em gravura de Jean-Baptiste Debret, 1821. 

A Praça Tiradentes, que já foi chamada de Campo dos Ciganos, Largo do Rossio e Praça da Constituição, possui uma história marcada por importantes acontecimentos políticos e por ter sido um efervescente polo cultural. 

Um dos mais famosos moradores do local foi José Bonifácio de Andrada e Silva, o “Patriarca da Independência”. Em 1822, o ministro de D. Pedro I passou a residir em um casarão com terraço na esquina da Rua do Sacramento (hoje Av. Passos), bem ao lado do Real Teatro de São João (atual João Caetano). 

A casa, registrada por Thomas Ender e Debret, foi bastante frequentada pelo próprio imperador.  

Café do Braguinha em 1870, por Henry Revert Klumb.

Anos depois, quando Bonifácio já morava em Paquetá, se instalou, no térreo do casarão, o Café do Braguinha, um badalado ponto de encontro de intelectuais e artistas da época e considerado o primeiro café na forma de confeitaria da cidade. Em 1870, o Café do Braguinha foi palco dos festejos pelo fim da Guerra do Paraguai.

O prédio onde existiu a casa de José Bonifácio (esq) ao lado do Hotel Paris. Do outro lado, o Teatro João Caetano antes da reforma. Década de 20.

A casa de José Bonifácio (e o Café do Braguinha) foram demolidos em 1903, quando se construiu o prédio atual. Na verdade dois prédios. No mais próximo ao teatro passou a funcionar o Café Criterium, que reunia um grande número de atores, poetas e intelectuais. Mais tarde ainda funcionou no local a primeira sede do Café Capital. Este prédio foi transformado em Hotel Paris, ainda de pé, embora fechado.

Mesmos edifícios, mas o Teatro João Caetano já reformado. Década de 30. Augusto Malta.

O velho edifício horizontal do início do século XX, construído no local onde existia a casa de José Bonifácio, hoje, bastante decadente, abriga um estacionamento.

O velho edifício horizontal do início do século XX, construído no local onde existia a casa de José Bonifácio, hoje, bastante decadente, abriga um estacionamento.

Quantas histórias em apenas uma parte de um logradouro do Rio! Pena a Praça não ter o mesmo glamour do passado, mesmo com os teatros João Caetano e Carlos Gomes tendo resistido ao tempo! Longa vida a eles!


📍 Praça Tiradentes 32

📷 atuais, texto e pesquisa: Leo Ladeira

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