Após cerca de um ano de obras, o Teatro João Caetano, a casa de espetáculos mais antiga do Rio, já tem data marcada para reabrir as portas.
No dia quatro de novembro próximo, o teatro será reaberto com um espetáculo em tributo a Michael Jackson.
A casa recebeu reforma completa do sistema elétrico, que ainda era da década de 1970, além da instalação de sistema central de ar-condicionado e de placas fotovoltaicas para produção de energia solar.
Com investimento total de R$ 7 milhões, a reforma foi executada pela Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado do Rio de Janeiro (Funarj).
Estão previstas novidades na programação, como os programas Fim de Tarde, Giro Cultural e um projeto especial que conta com a curadoria de Nelson Motta.
Após a reabertura do Teatro Carlos Gomes, do outro lado da Praça Tiradentes, a volta do João Caetano é digna de comemoração!
DE SÃO JOÃO A JOÃO CAETANO
Exatamente no local onde hoje se situa o Teatro João Caetano, na Praça Tiradentes, Centro do Rio, foi erguido, em 1813, o Real Theatro de São João, em homenagem ao príncipe regente, D.João VI.
Acostumado com as melhores companhias cênicas européias, D.João VI não gostara da única casa de espetáculos que existia no Rio, o Teatro de Manoel Luís, na época da chegada da família real portuguesa ao Brasil, em 1808.
Como a corte também ansiava por uma vida noturna mais diversificada do que a do Rio oferecia naquele momento, o regente autorizou que o cabeleireiro Fernando José de Almeida, conhecido como Fernandinho, construísse um novo teatro para a cidade, mais amplo, confortável e luxuoso.
A inauguração do Teatro São João, a 12 de outubro de 1813, atraiu a elite carioca em peso. No programa, os espetáculos “O Combate de Vimieiro” e “O Juramento dos Numes”, dramas líricos encenados por atores portugueses.
O teatro foi cenário de importantes acontecimentos históricos do país. Ali assinou-se a primeira Constituição brasileira.
O antigo Real Teatro de São João foi reconstruído após sucessivos incêndios, ocorridos em 1824, 1851 e 1856.
Na época do reinado do imperador D.Pedro I o teatro foi rebatizado como Teatro Imperial de São Pedro de Alcântara. Depois seria chamado de Teatro Constitucional Fluminense, Teatro São Pedro e, finalmente, Teatro João Caetano.
O Teatro João Caetano hoje
A atual fachada externa revestida de mármore e vidro fumê é fruto da reforma que teve início em julho de 1978.
Hoje, o Teatro João Caetano possui aspecto moderno, mas ainda guarda lembranças de seu passado, como a estátua do ator João Caetano, à frente do edifício.
No foyer de acesso ao balcão nobre, no segundo pavimento, encontram-se dois painéis executados em 1931 por Di Cavalcanti. Os murais, chamados de “Samba”, possuem forma octogonal e representam cenas evocando a dança e a música.
Os painéis, tombados pelo INEPAC, foram pintados a óleo diretamente sobre a parede. As datas 1931 e 1964 grafadas sob a assinatura registram respectivamente o ano da pintura e o da intervenção feita pelo autor mesmo.
Grandes Momentos
Pelo João Caetano, passaram os maiores nomes do teatro brasileiro: Chiquinha Gonzaga, Procópio Ferreira, Jayme Costa, Bibi Ferreira, Dulcina de Moraes, Grande Othelo, Fernanda Montenegro, Dercy Gonçalves, Paulo Gracindo, Paulo Autran, Marília Pêra, entre muitos outros. Ali foram encenados espetáculos marcantes como “My Fair Lady”, “Hello Dolly”, “Evita”, “Vargas”, “O Rei de Ramos”, “A Estrela Dalva”, “O Corsário do Rei”, “A Floresta Amazônica em Sonho de uma noite de Verão”, “Gilda”, “Bibi in Concert I e II”, “7 – O Musical”, entre tantos outros.
Também foram apresentados ali balés brasileiros e internacionais como o grupo Stomp, Bill T. Jones e Deborah Colker, além de grandes nomes da MPB, tais como Elizeth Cardoso, Milton Nascimento, Roberto Carlos, Rita Lee, Gilberto Gil, Paulinho da Viola, Luiz Gonzaga.
Outro marco do teatro foi o Projeto Seis e Meia, idealizado por Albino Pinheiro em 1976, e que apresentou astros da MPB a preços populares.
Fotos atuais e texto: Leo Ladeira (2024)