Imóvel de três andares é datado de 1865 e serviu de tesouraria da Coroa portuguesa
Um dos passeios mais interessantes que podem ser feitos no Centro histórico do Rio é cruzar as vielas e becos que formam a Travessa do Comércio e ruas adjacentes, como Ouvidor, Rosário, Mercado e Mercadores. O logradouro, fechado ao tráfego de automóveis, é um dos poucos locais na cidade que, de certa forma, preserva os traços dos tempos do Rio colonial.
O conjunto arquitetônico é caracterizado por velhos sobrados, calçamento de pedra, antigas luminárias em arco, cantarias, gradis, postes de ferro fundido e calçadas estreitas.
A entrada da Travessa se dá pelo Arco do Telles e a saída, pela Rua do Ouvidor. Desde 1730, o local era um reduto de mascates, por onde, segundo o pesquisador Ruy Castro, “circulavam mulheres com cestas de peixe às costas e homens arrastando sacos de farinha”.
Um dos sobrados que mais chamam a atenção está localizado à Rua do Rosário nº 34, quase na esquina com a Rua dos Mercadores. Ele se destaca por seus elementos decorativos como azulejos holandeses, gradis, janelões e, principalmente, pelo monograma em sua fachada com as letras BPS. O que significa?
O imóvel de três andares é datado de 1865 e serviu de tesouraria da Coroa portuguesa. Internamente impressiona por seu pé direito de 23 metros de altura, com destaque para uma grande parede de pedra.
Brasserie Rosário
Em 2005, foi inaugurada no sobrado a sofisticada Brasserie Rosário, um misto de padaria. restaurante, livraria e sebo. Na ocasião o imóvel foi restaurado pelo economista, ex-presidente do BNDES, ex-reitor da UFRJ e pesquisador apaixonado pelo Rio,Carlos Lessa (1936 – 2020). Comandada pelo chef Frédéric Monnier e pelo restaurateur Luiz Antônio Rodrigues, um dos fundadores do Garcia & Rodrigues, no Leblon, a Brasserie Rosário fechou as portas em 2018.
Sobrado da Cidade
Desde 2021 o imóvel centenário abriga o Sobrado da Cidade, um agradável restaurante com três ambientes e que tem contribuído para o revival do Centro no pós-pandemia.
O Sobrado da Cidade remete aos anos 1990 e início dos 2000, quando aquela região era considerada um dos maiores centros gastronômicos do Centro, onde podiam ser encontrados vários restaurantes e barzinhos, como o Café dos Mercadores, o Rio Minho, o Antigamente, o Casual Retrô, a Brasserie Brasil, o Dito e Feito, o Gerais Grill, o Mercado 32, entre outros. A maioria fechou as portas devido à crise financeira que afetou drasticamente o município do Rio de Janeiro nos últimos anos, mesmo antes da pandemia da Covid-19.
Monograma BPS
Mas, e o monograma na fachada do imóvel? Desvendado o mistério: refere-se a um dos proprietários do casarão, o Barão Peixoto Serra. Daí o “BPS”. Uma lembrança da época em que o Centro do Rio era residido por nobres!
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Texto e fotos: Leo Ladeira.