Castelinho do Flamengo, remanescente do tempo áureo da Av. Beira-Mar

Imóvel apresenta portão de entrada com motivo art-nouveau em forma de borboleta

Na foto em destque vemos o belo portão de entrada do Castelinho do Flamengo, trabalhado em motivos art-nouveau em forma de borboleta. O portão em serralheria é um dos elementos da ornamentação do imóvel.

Um dos últimos vestígios do tempo em que palacetes, casarões e bangalôs dominavam a paisagem da Avenida Beira-Mar (pré-aterro) O Castelinho do Flamengo encontra-se na esquina da Rua Dois de Dezembro com Praia do Flamengo.

A Olhos de Ver conta hoje sua história.

Na foto acima, do célebre Augusto Malta, vê-se o Castelinho do Flamengo no início dos anos 10 do século XX. A imagem revela um Rio de outrora, quando palacetes e casarões dominavam a paisagem bucólica da então recém-aberta Avenida Beira-Mar, muito antes do aterro. A imagem mostra como as ruas eram tranquilas, arborizadas e quase desertas. E revela também que construções semelhantes sucumbiram à especulação imobiliária.

O projeto original do Castelinho do Flamengo foi assinado em 1916 pelo arquiteto italiano Gino Copede, mas foi executado pelo arquiteto brasileiro Francisco dos Santos e concluído em 1918.

O imóvel foi construído para servir de residência ao rico empreendedor português Joaquim Silva Cardoso, dono da Construtora Silva Cardoso, fundada em 1888 e uma das mais prósperas do Rio. A construtora foi responsável pela edificação de vários palacetes ecléticos da época.

Estilisticamente, o Castelinho do Flamengo é uma verdadeira colcha de retalhos, trazendo elementos do art-nouveau, neo-renascimento italiano, neogrego e neogótico francês. Essa profusão de estilos é característica do Ecletismo. Na rica ornamentação do imóvel, destacam-se frisos, florões, mísulas, telhas francesas com beirais de telhas canal, azulejos e estuques com figuras humanas.

Em 1932, o Castelinho foi vendido para o comerciante português Avelino Fernandes. Nesta época aconteceram ali grandiosas e memoráveis festas. Há referências até da existência de um minicassino na propriedade.

Em 1964, o então proprietário, senador Mendonça Martins, morreu, deixando cinco herdeiros. O inventário se arrastou por 10 anos. Em 1974, o imóvel estava funcionando como casa de cômodos e foi invadido por mendigos. O antigo palacete chegou a ser conhecido como “Castelinho das Bruxas” pelos vizinhos. Em 1975, o então prefeito Júlio Coutinho desapropriou o imóvel com a intenção de derrubá-lo e possibilitar a redução do raio de curva da Rua Dois de Dezembro com a Praia do Flamengo. Indignados, os moradores do bairro, engenheiros, arquitetos e artistas fizeram uma passeata de protesto e lutaram pela permanência do bem histórico, um dos marcos paisagísticos do Flamengo. A mobilização foi tão grande que o prefeito desistiu da demolição.

Em 1983, o imóvel foi tombado pela Prefeitura do Rio de Janeiro, quando surgiu a ideia de transformá-lo em centro cultural, com o nome do teatrólogo Oduvaldo Vianna Filho. Mas antes disso o castelinho passou por uma minuciosa restauração, que recuperou as paredes cobertas de frisos e as portas com janelas de cristal, além dos pisos de azulejos, cores originais, adornos de gesso, estátuas, adornos em terracota e em massa, sancas de ferro em estuque, vitrais e pinturas.

O Centro Cultural Oduvaldo Vianna Filho foi finalmente inaugurado em 1992. Possui sala para cursos e oficinas e galerias de exposição. No Auditório Lumière, com capacidade para 50 pessoas, são realizados debates, palestras, seminários e encontros. A Midiateca possui mais de 3.000 filmes (nacionais e estrangeiros) no acervo, podendo ser vistos individualmente nas cabines ou em grupo na sala de exibição.

O Centro dispõe também de quatro cabines de acesso gratuito à internet e sala de leitura com acervo de livros e catálogos de arte.

A partir de 2009, o Centro passa a ter um novo perfil: a fotografia, tornando-se um centro municipal de referência na área.

Todos os eventos e o acesso à casa são gratuitos.

📍 Praia do Flamengo, 158 – Flamengo.
Aberto de Terça-feira a Sábado, das 10h às 20h.
Domingo, das 10h às 18h.

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© Olhos de Ver – Patrimônio Histórico Rio de Janeiro

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