Estas duas estátuas em terracota do século XIX representam a Sabedoria e a Indústria, e fazem parte do conjunto original de quatro peças localizadas originalmente sobre as platibandas do antigo palacete do Visconde do Rio Seco (atual Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro / CRAB).
Em 2014, durante a restauração do imóvel histórico, o mais antigo da Praça Tiradentes, observou-se que estas duas estátuas encontravam-se em situação delicada e, por isso, foram substituídas por réplicas, que foram instaladas no coroamento do solar, ao lado das peças que representam a Agricultura e a Navegação.
As peças possuem 2,10m de altura e pesam aproximadamente 600 kg. Foram feitas pela empresa alemã Villeroy & Boch, responsável também pelos ladrilhos hidráulicos do piso do solar.
As originais estão expostas ao público no andar térreo do CRAB.
O Antigo Palacete do Visconde do Rio Seco
Depois de permanecer fechado durante décadas, o antigo palacete abriu parcialmente em 2014, quando apresentou a exposição “A Potência do Objeto”. O CRAB foi inaugurado oficialmente em 22 de março de 2016.
O conjunto arquitetônico do CRAB é formado por três edifícios históricos contíguos – além do palacete do Visconde do Rio Seco foram restaurados também os prédios vizinhos, de nº 69 e 71, totalizando aproximadamente 4.000m² de área recuperada.
As obras de restauração e o projeto de interiores, assinados pela dupla Lucas Franco e Camila Furloni, do M&T Mayerhofer & Toledo Arquitetura, duraram dois anos e custaram R$ 20 milhões. Foi necessário um minucioso trabalho para manter as características originais, tanto na parte externa quanto na área interna do prédio.
Antes do CRAB, o imóvel havia sido ocupado por 60 anos pelo Detran. Nesta época, pátios internos foram fechados, paredes derrubadas e divisórias instaladas para que lá funcionassem os escritórios do órgão. Em 1996, o prédio encontrava-se praticamente em ruínas e o telhado chegou a desabar.
Hoje a realidade do espaço é outra. Ocupando três pavimentos e um pátio interno, o CRAB dispõe de setes salas expositivas, além de loja, restaurante, midiateca, terraço, auditório e salas para cursos.
O principal objetivo do espaço é expor produções brasileiras, além de promover debates e cursos sobre o tema, contribuindo para a qualificação do artesanato nacional.
Cronologia de um Palacete
• Final do Século XVIII – Construção do edifício, na esquina do antigo Largo do Rossio com o Caminho Novo do Conde (hoje Rua Visconde do Rio Branco). Pertencia ao presidente do Senado da Câmara, Antonio Petra de Bittencourt.
• 1812 – Adquirido por Joaquim José de Azevedo (primeiro Barão, depois Visconde do Rio Seco, e em seguida Marquês de Jundiaí), para ser sua residência. Azevedo veio com a corte para o Brasil, como tesoureiro da Casa Real. O palacete realiza festas e bailes que se tornaram memoráveis no Império.
• 1817 – O palacete é retratado por Thomas Ender.
• 1836 – Com a morte do Visconde, em 1835, é adquirido em leilão pelo Comendador José Ferreira Carneiro.
• 1851 – É adquirido pelo também comendador Francisco Pinto da Fonseca, que o aluga para sede do Clube Fluminense em 1853.
• 1853 a 1876 – Funciona como sede do Clube Fluminense, sendo frequentado por personalidades como Machado de Assis.
• 1876 – Passa a abrigar a Secretaria de Estado e dos Negócios do Interior.
• 1889 – Após a Proclamação da República, passa a ser sede do Ministério da Justiça.
• 1892 – Abriga as Secretarias da Justiça e do Interior, a Secretaria da Instrução Pública e a Secretaria da Junta Comercial da Capital.
• 1934 – Passa a abrigar o Departamento de Trânsito, sucessivamente, do Distrito Federal e dos Estados da Guanabara e do Rio de Janeiro. Com a ocupação do Detran, pátios internos foram fechados, paredes derrubadas e divisórias instaladas para que lá funcionassem os escritórios do órgão.
• 1994 – O Detran deixa o edifício.
• 1996 – Em ruínas, o telhado chega a desabar. O edifício apresenta rachaduras de até um metro na fachada.
• 1997 – O então prefeito do Rio, Luiz Paulo Conde, e o então governador, Marcello Alencar, apresentam projeto de abrigar, no palacete, o acervo cultural do antigo BANERJ.
• 1998 – Em junho, o edifício, que já era tombado nas instâncias municipal e estadual, recebe tombamento federal por sua importância histórica e tipologia arquitetônica.
• 2000 – O prefeito Conde apresenta projeto de abrigar no edifício o acervo particular do colecionador Sergio Fadel, uma das mais importantes coleções particulares de arte brasileira.
• 2007 – O edifício é cedido ao Sebrae.
SERVIÇO
📍Praça Tiradentes 67, 69 e 71, Centro, Rio de Janeiro
🕒Terça a sábado (10h às 17h)
Entrada gratuita.
Texto e pesquisa: Leo Ladeira.
Fontes de Consulta:
- Site www.crab.sebrae.com.br
- Site www.mtarquitetura.com.br
- Site Biapó
- Centro de artesanato ocupa casarões históricos na Praça Tiradentes. O Globo: 27/03/2016.
- Site Foi Um Rio Que Passou
- Blog Rio de Janeiro Desaparecido – por Cau Barata (Carlos Eduardo de Almeida Barata)